- Home 07/12/2024
O diretório do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) começa a se organizar em São João da Barra para as eleições municipais do próximo ano. A conferência municipal acontece nesta sexta-feira, 15, no Clube Sanjoanense, a partir das 18h. A intenção é realizar a filiação partidária e eleger o comitê local. A médica cubana Arleny Valdés Arias, secretária municipal de Saúde, vai assumir a presidência do PCdoB sanjoanense. Apesar de naturalizada brasileira, e de estar disposta a assumir uma função partidária, ela descarta uma candidatura à Câmara no próximo ano. A única vez que o partido elegeu um vereador no município foi 2000, no primeiro mandato do vereador Caputi, pai da atual prefeita, Carla Caputi (sem partido).
Arleny defende políticas de esquerda e diz que o problema de Cuba não é comunismo ou socialismo. Para ela, o problema está no militarismo que governa o seu país. Diz que não há como comparar o Brasil com Cuba. E também não teme que possíveis ilações pelo fato de ser cubana e assumir o PCdoB na cidade. Pelo contrário, vê na sua filiação partidária a possibilidade de desmistificar o entendimento da população sobre a esquerda:
— Me filiar ao Partido Comunista do Brasil é mais para seguir meus ideais de esquerda e do meu grupo político. Ajudar a desmistificar algumas coisas sobre socialismo e comunismo. Não defendo o posicionamento do governo de Cuba, reconheço coisas boas que têm no meu país, assim como não concordo com as restrições impostas pelo governo. Acho que posso ajudar a entender que esquerda não tem a ver com Cuba, e sim com um Brasil com mais igualdade. Sem interesse político pessoal.
A secretária de Saúde sanjoanense está no Brasil há quase 10 anos. Chegou a São João da Barra em maio de 2014 e assumiu a secretaria de Saúde pela primeira vez em agosto de 2019. Esteve no comanda da pasta ou em posições de destaque dentro da estrutura da Saúde durante toda a pandemia. Após atuar durante três anos em Atafona, a médica viu seu contrato com o Mais Médicos ser encerrado em julho de 2017.
Com o fim do contrato, Arleny teria que voltar para Cuba. À época, no entanto, os moradores pediram para que ela ficasse, fizeram um abaixo assinado. A então prefeita Carla Machado (hoje, PT) ficou sabendo e a convidou para ficar na cidade e coordenar o Estratégia Saúde da Família. Como consequência, foi punida pelo governo cubano, que a proibiu de retornar à ilha caribenha por oito anos: não pode nem visitar a família.
Em tempo — O PCdoB faz parte da federação com o PT e o PV. Nas eleições municipais do próximo ano, os três partidos estarão juntos na campanha em todos os municípios, inclusive para a montagem das nominatas a vereador, como se fossem um partido só.