Pacificação política de Campos com as horas contadas?

Não é de hoje que a chamada pacificação política não vai bem das pernas em Campos, sobretudo na relação da Câmara, presidida por Marquinho Bacellar (SD), com o Executivo. Movimentos recentes acirraram os ânimos. E o fim do acordo, que muita gente apostava que não duraria no ano eleitoral, parece já ter horas contadas no âmbito local. O que não se sabe é o reflexo disso na relação do prefeito Wladimir Garotinho (sem partido) com o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (PL) — e de como isso vai ecoar para o governador Cláudio Castro (PL). (Atualização às 19h08: A Câmara confirmou o fim da pacificação na sessão desta terça, 10).

A relação no âmbito municipal já vem desgasta há algum tempo. Na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a oposição voltou a ter maioria e quis impor a Wladimir apenas 10% de remanejamento, além de emendas impositivas e outras ações. Pouco depois, Wladimir voltou a ter maioria na Casa, já que dois vereadores que votaram na LDO com a oposição, Abdu Neme (Avante) e Marquinho do Transporte (PDT), passaram para a base. E contando também com o voto dos dois, Wladimir usou da prerrogativa de vetar as medidas propostas pela oposição.

A entrada de Marquinho do Transporte voltou a esquentar o debate. O presidente da Câmara cobrou reunião com prefeito e subiu o tom na tribuna. Wladimir respondeu, disse que havia convidado Bacellar para um café na casa do também vereador de oposição, Igor Pereira (SD). E que Marquinho não foi, nem deu satisfação. Marquinho voltou a rebater na tribuna, e afirmou que só aceitaria o diálogo com todos os vereadores. E o prefeito voltou a retrucar, dizendo que com ataques, o presidente da Câmara pouco colaboraria para a pacificação.

As conversas atravessadas continuaram depois disso. E a oposição passou a contar com um nome conhecido para tentar balançar o tabuleiro político para as eleições municipais. Carla Machado (PT), ex-prefeita de São João da Barra, transferiu o título para a principal cidade da planície. E parece ter animado alguns nomes da oposição.

Claro que a situação dela ainda depende da questão jurídica: há quem aposte que ela está impedida, já que pode cair na tese do “prefeito itinerante”, já que foi reeleita prefeita em SJB no ano de 2020 e estaria impedida da disputa em 2024 no município vizinho; por outro lado, há quem coloque suas fichas na tese de que ela já disputou outro pleito, quando foi eleita deputada estadual no ano passado, e como renunciou ao mandato de prefeito desde 2022, não teria impedimento eleitoral em Campos no próximo pleito municipal.

Caberá, certamente, à Justiça a decisão. Enquanto não é o tempo de a Justiça decidir, já que ainda não é o período eleitoral, a medida mexeu realmente com o tabuleiro. Tanto que, concidentemente, Wladimir reuniu seu estafe para uma reunião no último fim de semana.

O último embate virtual de Wladimir com os vereadores foi em relação a uma ação de fiscalização. Sete representantes da oposição foram até a Escola Alcindor Moraes Bessa e cobraram ações da Prefeitura. O prefeito rebateu, disse que a unidade foi municipalizada, mas o prédio continua em terreno da Secretaria Estadual de Educação. Mostrou que, por ofício, já pediu autorização ao órgão estadual para executar a obra, mas que não teve resposta até o momento. Inclusive, solicitou que a oposição ajudasse a resolver tal questão. Ainda não houve resposta dos vereadores, mas tem sessão daqui a pouco na Câmara.

A menos de um ano do primeiro turno das eleições municipais, será que o fim da pacificação está com hora marcada? A conferir!